O cão e a liberdade
Junto com nossa fazenda herdamos um cachorro. O bicho, que recentemente descobrimos ter como nome Dourado, vivia ali embaixo de uma arvore, preso a uma corrente, servindo de cão de guarda. Aqueles poucos metros eram seu lar. E exceto por algumas vezes que tinha sido levado para passear, Dourado viveu praticamente toda a sua vida naquele reduzido espaço.
Até que alguém se compadeceu dele, o Lucas, meu irmão mais velho, que durante toda nossa infância demonstrava um enorme afeto pelos nossos vários cachorros de estimação, intercedeu por Dourado. Ele pediu que o animal fosse solto, e que lhe dessem um voto de confiança. Seu pedido foi aceito, e tive a oportunidade de testemunhar esse fato.
Aquela foi uma cena digna de filme, dessas que só a vida é capaz de produzir. Dourado encontrou a liberdade, e ela o tomou totalmente, transformando o apático cachorro, em um animal esperto e cheio de vida.
Claro que ele aproveitou aquela oportunidade. Correu de um lado para outro, fuçando cada espaço, desbravando cada metro quadrado que estavam dentro daquelas cercas.
Era tão incrível aquele entusiasmo! - Se é que cachorro tem isso.
E o que mais me chamou atenção, era que em cada corrida pela fazenda, ele voltava, aproximava do Lucas e fazia uma gracinha, parecia que era até um gesto de gratidão.
Como este quadro me fez pensar em nós humanos. Nas correntes que muitas vezes se tornam um acessório de toda uma vida. O espaço limitado no qual nossa alma sobrevive, e vê apenas de longe a vida de fato existir.
Lembrei-me, entretanto, que diante dessa terrível realidade, também temos um nobre intercessor. Jesus advogou a nossa libertação, tirando de nós as nossas correntes e amarras, trouxe-nos para um lugar espaçoso, e deu um significado a nossa vida.
Mesmo assim, muitos de nós escolhemos permanecer debaixo da árvore, tomamos nossas correntes de volta e fazemos da prisão o nosso lar. Vemos de longe a vida passar, enquanto nos apegamos a miseras migalhas que o inimigo nos serve todos os dias.
Outros de nós, até tem aproveitado a liberdade que Cristo nos oferece, mas diferentemente de Dourado, logo se esquece do seu Libertador. Gratidão é a chave para permanecermos livres. Quando somos gratos, não esquecemos de que lugar nós fomos tirados, da grandiosa dádiva que nos foi concedida. E isso, nos torna mais humildes, menos arrogantes, mais dependentes de Deus.
Deixe Deus te tirar do seu cativeiro, deixe que Ele te conduza a liberdade. E quando a liberdade chegar faça como Dourado, corra para seu Libertador, e lhe entregue sua leal gratidão!