Clamor do mundo

A minha vocação e a minha profissão têm me dado à oportunidade de conhecer a dor e o sofrimento de perto. Em especial, nos últimos meses, Deus tem me permitido conhecer as dores e mazelas de um mundo carente Dele.
Tantas são as histórias cheias de tristeza e sofrimento, muitas são as lágrimas de corações amargurados. É tanta pobreza financeira e mais ainda de vida. Vivos que na verdade estão quase... mortos, pessoas que vivem cercadas de uma multidão, mas que nada tem além da solidão.
O mundo grita desesperado por ajuda. Crianças sofrem com pais despreparados e desinteressados. Idosos que para muitos só tem o valor do cartão de sua aposentadoria. Jovens que não conseguem dá nem um passo adiante, se aprisionaram com grades de desesperança. O medo corre pelas ruas, entra nas casas, sequestram famílias inteiras.
São sintomas da queda do homem, do seu distanciamento de Deus. Sinais da falta de relacionamento com o criador e com suas criaturas. Uma sociedade corrompida, de muita aparência e pouca essência. As fotos e frases nas redes sociais fazem qualquer um si enganar, mas o travesseiro e o divã alertam que há algo de errado.
Crentes sem fé, gente que vive a vida inteira magoada. A culpa se faz algoz, castiga duramente os que não trilharam o caminho do arrependimento e da graça. Vidas partidas, de gente que deixou há muito partir de suas casas a vida.
Diante desse quadro, eu oro me incomodo e pergunto: o que fazer?
Tanta gente passa ao lado, sem se constranger. Preferem as desculpas, fazem de seus pequenos problemas grandes obstáculos, o egoísmo impera.
Vejam, quantos reinos estão sendo construídos! Prédios coloridos, muito brilho, muitas pedras. Olha quantos flashes, quanta luz, muito barulho. Multiplicam-se as mansões construídas na areia. E o Reino de Deus, onde fica? O Reino do Deus que é o amor tem chegado até quem/ Aqueles que dizem ser súditos desse Rei, tem vivido de que maneira?
Não há como não perguntar: E a igreja onde está? O que tem feito?
Há um inconformismo em mim, uma sede por algo mais. Há um clamor em mim, e desejo ser a resposta para minha oração. Deixo no altar as minhas dores, os meus medos, minhas limitações e mesmo ciente que nada sou ou tenho para oferecer, ofereço a mim mesma, como vaso vazio, para o Rei encher.
E creio que esse inconformismo tem chegado a outros. Talvez você que lê esse texto, também está sedento por ser canal de Deus. Que o nosso incomodo possa ser transformado em ações e que não precise ser um grande ato, nem que seja um evento glamoroso. Mas que a vida que vivemos possa ser o lugar de sermos e de fazermos a diferença.

No nosso dia-a-dia, no nosso cotidiano. Ao olharmos com misericórdia, ao trilharmos o caminho do perdão, ao nos comovermos e nos movermos em direção as necessidades dos outros, podemos revolucionar o mundo. Assim, se tivermos um coração disponível e uma alma sensível, o Espírito Santo nos guiará para sermos de fato a Igreja de Cristo.

E que um dia, nossa geração, por muitos, desacreditada, possa se levantar, até vê o Reino de Deus estabelecido, até sermos de fato a geração do avivamento.