14 X 24

17-05-2011 08:38

 Entrei em uma máquina do tempo, e desembarquei dez anos atrás. Deparei-me então com uma adolescente de seus 14 anos.  Tênis nos pés, nos dentes aparelho, os cabelos cacheados que até pouco eram bem compridos, mas que agora foram cortados nos ombros. Achei naquela menina uma imensidão de sonhos, escondidos em uma nuvem de timidez. Ela me contou que entre as coisas que mais gostava, a dança era a sua paixão, não só a dança em si, mas tudo que ela lhe proporcionava. Amava passar seus finais de semana ensaiando, criando, dançando. Percebi então, que foi através da dança que a menina dava os seus primeiros passos na arte de liderar.

A jovenzinha olhava-me meio envergonhada, mas me contava com uma surpreendente força, sobre os lugares que queria conhecer, as vidas que queria tocar. Compartilhou comigo ainda, como Deus havia ouvido as suas orações, enviando-lhe preciosas amigas e companheiras de caminhada.

No sorriso tímido, na voz dengosa, nas mãos que não paravam de se mexer enquanto falava, nos pés que vez ou outra erguiam- em meia ponta, e principalmente nos passos apressados: reconheci-me. Tanta coisa passou, tanta coisa mudou. Tanto de mim se foi, tanto de mim permaneceu. Alguns daqueles sonhos, já são realidade, alguns desses amigos, ainda compartilham comigo lembranças de um passado bom, mas desejos para um futuro melhor ainda. O aparelho já se foi e voltou (disso eu não gostei), o cabelo, já cresceu e foi cortado de novo, a timidez vez em quando me visita, os pés não se esqueceram o velho hábito, e a dança ainda tem seu espaço em meu coração.

O tempo nos transforma, ou talvez seja apenas um expectador diante do qual tomamos rumos, fazemos escolhas, trilhamos caminhos, e qualquer passo, vai transformando um pouquinho da gente. Mas ao mesmo tempo, parece que há coisas que nos sustentam e fazem da gente quem de fato somos.  Ou pelo menos quem somos hoje, essa pessoa que nos tornamos.

Não sei bem como estarei daqui a dez anos, mas ainda faço planos, e tenho sonhos. Sei que muita coisa mudará, sei que a vida poderá me surpreender, mas caminho na confiança que o melhor ainda está por vim.

Quem sabe aos 34 anos escreva outro texto dizendo o que mudou?!

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Rebeca Barros rebeca.neri@gmail.com