O silêncio e o sábado
Entre a dor da sexta-feira e a festa do domingo da ressurreição, houve um silêncio. O sábado da pausa e do descanso dos judeus ganhou eco pela eternidade. Enquanto nada parecia acontecer, os reinos guerreavam.
O silêncio, a pausa, a solitude, aprender a parar, a repensar, a pôr ordem e fazer calar a alma. Há dias que nem são de dor, nem de festa, mesmo que essas duas coisas possam estar ali bem perto.
Em tempos de tanta agitação, de tantos projetos e planos, de afazeres diversos, de tanto sofrimento e violência, de fartura de entretenimento e de opções de lazer, como é difícil parar. Frear as emoções borbulhantes, ficar por um momento sem empreender projetos extraordinários, desligar a tv, o celular, a internet. Estamos tão cercados de coisas, de pessoas, de ideias, que não sabemos nem mais quem somos, pior ainda, não conseguimos distinguir a voz de Deus.
O sábado é o convite para todos nós, que já experimentamos a dor e a cruz e que aguardamos o domingo chegar, trazendo ressurreição e festa. Este é um chamamento para o descanso, para a confiança, para enchermos a nossa espera de esperança. Não se engane, pode parecer que nada está acontecendo, mas como diz o salmista, enquanto dormimos, Deus trabalha por nós. O seu desafio é descansar e esperar, enquanto os céus se movem.
Mesmo que a dor esteja tão perto, que algumas lágrimas ainda molhem seu rosto, e as lembranças de um dia difícil insistem em reprisar na sua mente, hoje é dia de silêncio, dia de descanso, e de contemplar os raios de esperança que nos fazem lembrar que amanhã o renovo virá, trazendo vida e sonhos.