Há alguns anos, comprei um chaveiro com um pequeno globo pendurado, aquele era o símbolo de uma nova fase da minha vida. Abria a boca orgulhosa:
- Agora o mundo é minha casa!
Para alguém que malmente dormia fora de casa, morar em outra cidade, centenas de quilômetros de casa, era um passo gigantesco. Não desprezava os meus pais,, nem os cuidados deles por mim, mas sabia que aquela era a hora de ir em frente atrás de meus sonhos, tendo a convicção que eles estariam lá toda vez que precisasse.
Tinha 18 anos, e não foi fácil. Mas aprendi preciosas lições que levarei comigo para toda vida.
Longe de casa aprendi mais do que cozinhar, aprendi que é preciso ter um coração humilde para aprender. É preciso ser disponível, começar debaixo, e ir subindo cada degrau por vez.
Longe de casa aprendi o significado de companheirismo, aprendi outra versão para a palavra “amigo” e descobri que os que escolhem nos amar e estar juntos, mesmo nos conhecendo para além dos dias de festa, esses merecem o nosso respeito e admiração.
Longe de casa aprendi a valorizar mais minha casa. Não que eu já não valorizava, mas aprendi que o cotidiano, as conversas em torno da mesa, as risadas e lágrimas, o partir do pão e as orações, tem um valor imensurável.
Longe de casa eu aprendi a fazer outros que como eu estavam longe de casa se sentirem mais em casa. Aprendi que um lar se faz não com moveis, nem com utensílios eletrodomésticos, mas se constrói com amor, amizade, respeito e carinho.
Longe de casa eu aprendi a dar passos, a vencer desafios, a crescer, sem me esquecer de minhas raízes. Compreendi que somos nós mesmos que colocamos a maioria das barreiras que nos impedem de prossegui.
Longe de casa eu aprendi a administrar a liberdade, a zelar pelos meus princípios e não abandonar os meus valores. Aprendi a ser quem eu de fato sou mesmo sem ter quem me cobrasse isso
Aprendi que com Deus no coração, família na retaguarda e amigos do nosso lado, a palavra impossível não existe.
22.11.11