Quando dançava, a menina sentia que podia voar. Era ao mesmo tempo pássaro e borboleta, brisa e chuva, ali e em um mesmo lugar.
Para ela, a dança era a mais bela metáfora da vida. Era necessário a um bom bailarino o equilíbrio. Saber usar a força e a graça, ser delicado e preciso, ser arrojado e sutil. E isso também se encontra em um bom vivente. Saber ser parte de um grupo, ter sincronia e harmonia, mas também saber encantar quando requer dele uma apresentação solo.
O bom bailarino também não deve se acanhar diante de um tropeço, mas saber improvisar e fazer da falha um belo passo. Também ao que vive e ao que dança importante é que saiba ouvir os de experiência, aprender com eles a disciplina, e o que mais tiverem para ensinar, mas sem se engessar nisso. É importante tentar o novo, dá espaço para a curiosidade, para a criatividade.
Na dança, as coisas se transformam. Um pedaço de pano logo vira rio, um gesto delicado reflete um amor, a moça em um palco, todos chamam de princesa. Transforma-se também a vida, e nela a menina brinca de fazer o faz de conta acontecer.
Doce menina, forte bailarina, dança e vive, vive mais quando dança, faz da dança parte da vida e da vida a mais bela dança.
Foto de Camila Narduchi