Bailarina

14-08-2012 22:38

Quando dançava, a menina sentia que podia voar. Era ao mesmo tempo pássaro  e  borboleta,  brisa e chuva, ali e em um mesmo lugar.

Para ela, a dança era a mais bela metáfora da vida. Era necessário a um bom bailarino o equilíbrio. Saber usar a força e a graça, ser delicado e preciso, ser arrojado e sutil. E isso também se encontra em um bom vivente. Saber ser parte de um grupo, ter sincronia e harmonia, mas também saber encantar quando requer dele uma apresentação solo.

O bom bailarino também não deve se acanhar diante de um tropeço, mas saber improvisar e fazer da falha um belo passo. Também ao que vive e ao que dança importante é que saiba ouvir os de experiência, aprender com eles a disciplina, e o que mais tiverem para ensinar, mas sem se engessar nisso. É importante tentar o novo, dá espaço para a curiosidade, para a criatividade.

Na dança, as coisas se transformam. Um pedaço de pano logo vira rio, um gesto delicado reflete um amor, a moça em um palco, todos chamam de princesa. Transforma-se também a vida, e nela a menina brinca de fazer o faz de conta acontecer.

Doce menina, forte bailarina, dança e vive, vive mais quando dança, faz da dança parte da vida e da vida a mais bela dança.

Bailarina - Esta menina tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.




A foto é da querida Camila Narduchi (que me deixa sempre na saudade) e o poema, é da Cecília Meireles (que me deixa sempre na esperança). 
Obrigada as duas! - Fotolog

Foto de  Camila Narduchi

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Rebeca Barros rebeca.neri@gmail.com